O novo ultradireitista da Folha de S. Paulo

Luis Felipe Miguel

É muito elucidador o artigo de Joel Pinheiro da Fonseca, o novo colunista da Folha. Nunca tinha ouvido falar nele; o texto me sugere um autor jovem e muito arrogante, dogmático e inculto. Essas três "qualidades" o fazem expor, até com certa candura, o que muitos de seus aliados, mais espertos, tentam pelo menos disfarçar.

Fonseca nos diz que os direitos são destrutivos. Que pensar em direitos gera uma trava mental. Que direitos são antidemocráticos. Que a referência a direitos deve ser abolida da discussão política. Tudo em nome, claro, do "realismo econômico". Parece o discurso daqueles que, no século
XIX, se opunham á abolição da escravidão. Sei que esse paralelo já está batido, mas no caso ele é perfeito.

De fato, o projeto do golpe é este: um assalto aos direitos. O economista ultraliberal da Folha apenas o explicita de maneira mais grosseira. Não é à toa que a ofensiva da direita no debate público, nos últimos anos, tem sido exatamente no sentido de revogar aquilo que havia sido conseguido a partir da Constituição de 1988, que foi exatamente estabelecer o discurso dos direitos como eixo deste debate.

O discurso dos direitos é central porque se opõe ao "realismo econômico" de gente como Fonseca. Porque esse "realismo" inclui a naturalização dos padrões vigentes de exploração e de concentração da riqueza, como se eles fossem eternos e imutáveis. Quando afirmamos direitos e lutamos para que eles serem respeitados, estamos dizendo que há valores mais elevados aos quais a exploração e a desigualdade terão que se adequar.

Subscribe to receive free email updates:

Related Posts :