Nilson Lage
Lamento informar coisas tristes:
Lamento informar coisas tristes:
A “democracia”, no Brasil, é e foi sempre o escudo das oligarquias que, por tragédia, nos infelicitam.
Conquistamos os grandes avanços institucionais no tenentismo e no grito, não no voto.
Construímos a imagem do país na obra de alguns intelectuais notáveis, integrados a criadores populares; não no discurso empolado das assembleias.
Os direitos dos trabalhadores resultam de sofrida e anônima gritaria das ruas e devem, até hoje, ao Estado Novo.
1964 foi uma “revolução democrática”, lembram-se? E, quando as
questões-chaves da economia começaram a ser encarradas, os governos militares foram derrubados em nome da mesma “democracia” que os colocou lá.
A “democracia” está aí, protegendo o cenáculo de ladrões que é o Congresso Nacional, a picaretagem descarada do Judiciário, a venda do país a varejo, a figura anacrônica do Temer e seus corruptos de estimação.
Os avanços alcançados no Brasil – a medicina sanitária, o desenvolvimento industrial, a legislação de proteção ao trabalho – nasceram de quadros técnicos e se impuseram a despeito, e não graças, à “democracia”.
A mesma coisa na imprensa: quando deixou de ser técnica, competente, e se tornou “democrática”, concentrou-se, apodreceu e se transformou na atual canalização de esgoto a céu aberto.
Não que democracia seja um sistema ruim; é o melhor deles. Mas não essa palhaçada formalista a que atribuímos o nome, fantasiada pela arrogância de nossos carnavalescos bacharéis.