Fernando Horta
Fogo-amigo
Fogo-amigo
Desde que a saída de Dilma ficou sacramentada vem ocorrendo uma batalha silenciosa entre os diversos grupos que trabalharam pelo golpe. Há algum tempo venho chamando à atenção para o erro da interpretação da "grande conspiração de direita". Serra, Aécio, Temer, Padilha, a Globo, o capital internacional, Dallagnol, Moro, MBL e etc. todos estes atores têm interesses diferentes - bem diferentes - que encontraram temporariamente um ponto comum. Nada mais.
Recentemente chamou a atenção os colunistas da veja atacando os membros do MBL, recentemente atacando membros do MP que acusavam Lula, Gilmar Mendes passando pito em Moro, o mesmo Moro sendo exposto por setores conservadores da mídia e etc. Um tremendo desencontro entre as forças conservadoras.
Agora, como lembrou Charlles Adriano Campos, uma operação sobre o agronegócio brasileiro que vai deixar Ronaldo Caiado e os Marinho revoltados. Causará bilhões de dólares de prejuízo, jogará o PIB do Temer ainda mais no poço e nada disso parece ser lógico se os conservadores que deram o golpe e tomaram o poder agissem em conjunto.
Pois é aqui que quero entrar. O delegado que deflagrou a operação da carne trabalhava na Lava a jato. Tivemos oportunidades de ver sua (parca) inteligência em ação. Foi, portanto, silenciosamente removido, dentro do movimento maior que Jucá nominou "estancar a sangria". Certamente que não ficou feliz. Certamente que está tentando usar o mesmo expediente que fez um medíocre como Dallagnol virar "herói nacional" por um tempo: o estardalhaço midiático.
O que está acontecendo agora no Brasil
começou em 2015 quando Aécio e outros políticos quase foram linchados na paulista por manifestantes. O fascismo que o PMDB e o PSDB, com apoio estrangeiro, ajudaram a criar no Brasil, não pode ser mais contido. Aconteceu igual na Alemanha, Hitler era visto como um "idiota útil" pelo grande capital. Deu no que deu.
O problema é que Freixo perdeu....
Semana passada Aécio em reunião dos que deveriam estar usando tornozeleira perguntou em alto e bom som "vamos deixar um aventureiro tomar o país?". É disto que se trata. Os fascistas imbuídos da cruzada moral contra os maus costumes e contra a corrupção não entenderam que foram usados apenas para tirar Dilma e enfraquecer o PT. Não entenderam e não aceitam. Por isto Joice Plágio ataca Reinaldo de Azevedo, Gilmar ataca Moro, Jucá alerta para a "suruba" para todo mundo, o MBL perde apoio e briga com outros grupos. A disputa agora é como calar os fascistas. A operação da carne, levada pelo delegado grilo cumpre semelhante papel da noite dos cristais na Alemanha. São os fascistas, empoderados pelos corruptos, que se negam agora a sumirem na poeira da História e querem levar adiante sua cruzada moral.
Agora, contudo, a cruzada vai pegar Jucá, Padilha, Aécio e Temer e então o acordo que tirou Dilma se desfaz e a luta é entre os corruptos e os fascistas. A direita está vendo porque sempre foi dito que com o fascismo não se brinca e democracia se defende. É exatamente a mesma situação que fez com que os democratas abortassem os planos de golpes contra Trump. Afinal, é melhor um governo contrário mas contido por instituições do que acabar com a democracia e ver triunfar o fascismo.
Corremos sério risco, no Brasil, de que nem os corruptos consigam conter os fascistas. Estimularam a ignorância e empoderaram a mentira e a violência, agora o monstro ataca seus criadores. Veremos a Globo mudar o discurso em breve e criminalizar Dallagnóis, Grilos e Rólideis... Se não conseguirem segurar o fascismo veremos a Globo apoiando Lula em 2018, exatamente como apoiaram Freixo contra Crivella.
O problema é que Freixo perdeu....