Alguns colegas têm dito que voltamos aos anos 60, depois do discurso de Temer, ontem, a coisa foi ainda pior, dizem que voltamos aos 40. Permitam-me discordar.
O governo Temer nos colocou em algum lugar na primeira metade do século XVI. Explico:
O fim da justiça do trabalho nos colocaria antes de 1943. O fim dos direitos trabalhistas faria com que retroagíssemos até 1931. Entretanto, o governo Temer acabou com a República. Veja, a Democracia morreu com os discursos apopléticos dos ineptos que foram eleitos para a câmara mais baixa da história do país. RIP democracia. Já choramos, mas o governo Temer nos fez deixar de ser República.
A República (do latim Res Publicum, "coisa do povo") se caracteriza pela igualdade de todos frente à lei. As revoluções Inglesas (1640 e 1688), a Americana (1776) e a Francesa (1789) embora com diferenças, calcificaram o conceito de "cidadão", que significa estar submetido ao MESMO núcleo legal de direitos e deveres. O problema é que quando para Dilma vale uma lei e para Temer outra, acabou a República. Quando dizem que a "Lava a Jato" obedece a ritos "extraordinários", se está dizendo que acabou a República.
A República acaba quando, como disse a mulher do Moro achando-se correta, "punir um juiz por não seguir as leis é intimidá-lo". Veja, defende-se
abertamente que determinados juízes (porque não são todos) estão acima da lei. Acabou a República.
Quando um assassino e esquartejador de mulheres é solto e um negro preso com pinho sol continua preso, acabou a República. Quando alguém é preso por espancar outro e o policial que o prende o espanca e não é preso, acabou a República.
O governo Temer nos fez voltar a antes de 1889. Acabou a República, voltamos a ter um leque de níveis de aplicação legais para determinados grupos de pessoas. Cidadãos de classe A, B, C e etc ... legalmente falando. Geddel, por exemplo parece ser cidadão de classe A, pode fazer o que quiser e nada acontece. Cunha é de classe B e por aí vai.
Acabou a República.
Em termos mundiais isto nos coloca no século XVII ... mas aí a coisa piora ainda mais.
Quando vemos uma imensa gama de "pastores" a vender indulgências, lugares no céu, objetos sagrados, fazerem "exorcismos", criarem "exércitos da fé" e etc. ... voltamos a um tempo anterior a Martinho Lutero. Em 1517, Marinho Lutero afixou as 95 Teses na porta da Igreja de Wittenburg. Lá ele mostrava que a comercialização da fé era tudo menos fé.
Antes tivessem assumido os liberais, retroagiríamos até o XIX. Com Temer e sua Maçonaria Evangélica, retornamos ao século XVI. Fecha bem com os ataques aos cientistas, o espancamento de mulheres (bruxas), o retorno da escravidão que estamos experimentando.
Logo, logo o bordão moderno será "navegar é preciso", ou, quem sabe, aproveitaremos esta nova oportunidade para fazermos a nossa República?