Segue a guerra civil não declarada no Brasil


Outra vez: 58 mil homicídios/ano. PPP: pobres, pretos, periféricos...
Bob Fernandes

Novembro. Mês da contabilidade macabra. Do número de mortes violentas -homicídios, latrocínios etc- no ano anterior.

Tomografia das vísceras do país divulgada pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública: 58.496 mortos por violência em 2015.

Seguimos rondando os 60 mil por ano. Em três décadas e meia, 1 milhão e meio de homicídios.

Em cinco anos, a terrível Guerra da Síria matou o mesmo que o Brasil matou nestes mesmos cinco anos: 300 mil pessoas.

Em três décadas e meia se matou, no Brasil, meio milhão de pessoas mais do que a soma dos mortos pelas Guerras do Golfo, Iraque e Síria.

O Anuário 2016 usa expressão aqui utilizada há anos: "Guerra Civil não declarada".

Pergunta no Anuário: "Por que os descamisados estão matando os sem camisa e vice-versa?".

Comprova a pesquisa: a grande maioria dos mortos é das periferias. Inclusive os policiais. No ano passado 393 policiais ou vigilantes foram mortos.

Nos últimos seis anos, 2.572 policiais mortos. Por seu lado, a polícia
mata muito.

Mortes por intervenção policial: Honduras, país mais violento do mundo, tem taxa de 1,2 mortes a cada 100 mil habitantes. No Brasil essa taxa é de 1,6 mortes a cada 100 mil habitantes.

Mais violência, mais medo, mais crescem o negócio da Segurança... e o número de mortos.

As Forças Públicas de Segurança têm no Brasil 552.399 pessoas. Segurança e Vigilância privada têm estimados 700 mil empregados.

Portanto, um exército com 1 milhão e 200 mil soldados. Um policial, ou vigilante, para cada 171 pessoas. E segue a matança.

Há uma década, de maneira ininterrupta, a corrupção está nas manchetes. Milhões foram às ruas protestar contra a corrupção.

Por que a notícia de 60 mil vidas apagadas pela violência não dura 48 horas nas manchetes?

Por que indiferença, silêncio diante de 60 mil pessoas mortas, assassinadas a cada ano?

Porque são mortos PPP: das periferias quase sempre, pobres quase sempre, pretos quase sempre... e jovens quase sempre.

Porque nessa guerra entre "descamisados" e "sem camisa" cada morto PPP, pobre, preto, periférico, é apenas um número. É estatística.

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