Caráter zero, cinismo dez

Francisco Costa

Em uma das suas muitas viagens aos Estados Unidos (há meses em que ele vai lá duas vezes), para pegar instruções com a CIA e passar informações contra as empresas brasileiras, Moro deu entrevista coletiva, quando foi espremido pelos jornalistas.

Perguntaram-lhe porque não investiga políticos do PSDB, e a sua resposta foi que investiga os últimos dez anos, quando o PSDB não foi governo, acrescentando que, oposição ao governo, dificilmente os políticos do PSDB teriam como roubar.

Primeiro: quem disse a esse cretino que nos últimos dez anos todos os vereadores, todos os deputados, prefeitos, governadores e senadores eram do PT?

Segundo: muito bem entendido em corrupção, por ter se formado em Harvard e ter feito cursos de especialização na CIA e no Ministério Público norte americano, Moro sabe que a corrupção é suprapartidária; 

Terceiro: Moro tem a experiência do Banestado, quando foi testemunha de defesa, advogado e, depois, juiz, isentando todos os tucanos que desviaram meio trilhão de reais.

Não entendeu? Imagine que eu tenha um amigo ladrão, que é processado por roubo.

Primeiro eu me apresento como testemunha, para isentá-lo da culpa. Posteriormente ele me contrata como seu advogado, e eu vou defendê-lo. Mais adiante sou designado juiz no processo que ele responde. Sem ter como isentá-lo, arquivo o processo e fica tudo no zero a zero.

Foi assim no Banestado.

Semana passada Moro foi à Alemanha, proferir palestra, sendo recepcionado por vaias e muita confusão, porque os professores de Direito e catedráticos, cerca de trinta, encaminharam moção de protesto à reitoria da Universidade de Heidelberg, alegando que Moro não tem credibilidade para falar em corrupção, já que é parcial,
tendencioso, não investigando o PSDB.

Na platéia, brasileiros e alemães portavam cartazes, inclusive pedindo prisão para Moro, com dizeres do tipo (a parcialidade fere a democracia”, “escolher réus é uma forma de corrupção”, com gritos de juiz do PSDB e juiz da Globo.

Terminada a palestra, iniciou-se o debate.

Perguntado porque gravou e divulgou o telefonema entre Lula e Dilma, respondeu que o povo tem o direito de saber de tudo.

Então este pulha pensa que é o dono da justiça brasileira? Grava sem ordem judicial a conversa entre uma presidente da república e o ex presidente, viola a hierarquia do judiciário, já que é só um juizeco de primeira instância e numa província, passando por cima das instâncias superiores, dos desembargadores e dos ministros do STF e fica tudo por isso mesmo (chego a acreditar que quando Lula afirmou que o STF está acovardado sabia porque disse, e se você pensou em alguma coisa relacionada com o serviço secreto norte-americano, pensou igual a mim).

Perguntado sobre a foto do seu Love com Aécio Neves, Moro tentou passar que foi um encontro rápido, quando passaram toda a solenidade da Isto É juntos, cochichando e rindo o tempo todo.
Afirmou que foi uma foto infeliz mas que não há nenhum caso “envolvendo ele” (Aécio), justamente o mais delatado, mais cagado que chão de chiqueiro.

Afirmou ainda que a Lava Jato não é “uma bruxa caçadora” (Lula que o diga).

Acho Marcola e Beira Mar com mais dignidade, pegaram em armas e atacaram, sem se servirem de uma toga e proteção internacional, para agirem.

Quanto à ligação de Moro com a Cia, é só consultar a Wikileaks e ler os documentos internos da Agência, falando do seu agente, sem contar as viagens dos investigados na Lava Jato, aos Estados Unidos, acompanhados de membros do Ministério Público, para depor contra empresas brasileiras, tornando mais robustas as multas e indenizações que nos são cobradas.

Fosse na Europa e estaria preso ou já executado, mas aqui... Condado de Temer, Jucá, Padilha, Renan, Gedel, Cunha, Cabral... Ser honesto é uma desonra.

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