Luis Felipe Miguel
Aécio em sua coluna na página 2, Fernando Henrique em entrevista de página inteira: o PSDB ocupa a Folha de hoje para bradar sua lealdade a Temer.
A entrevista de FHC é daquelas de gerar vergonha alheia. Faz tempo que o Departamento de Sociologia da USP devia ter anulado seu diploma, mas está cada vez mais constrangedor ver alguém que seria um cientista social chafurdando desse jeito no senso comum conservador. É FHC falando, mas podia ser Merval Pereira, Eliane Cantanhêde ou Hélio Schwartsman.
Para não parecer insensato, FHC rechaça o retorno da escravidão no campo. Fora isso, louva o papel "histórico" de Temer, destaca o fim de direitos como "avanços significativos" e vê a fragilização ainda maior do trabalho diante do capital como indício da construção de um "país moderno".
A cereja do bolo é a apresentação de dois nomes que representariam o "novo" na política brasileira, "porque não estão sendo propelidos pelas forças de sempre": João Doria e Luciano Huck. Mas quais seriam as "forças de sempre" na política brasileira, se não os interesses empresariais e a mídia corporativa?