Rafael Patto
A superioridade ética de Simão Bacamarte em relação a sergio moro é que o primeiro acabou se tornando um obsessivo-compulsivo alheio a qualquer preferência político-partidária-ideológica. Saiu recolhendo todo mundo à Casa Verde. Acreditava piamente que o cumprimento de sua "missão" era uma forma de fazer o bem. E foi até as últimas consequências SEM OLHAR A QUEM.
Já o capiau fanhoso do Paraná é a atualização na realidade de toda a ameaça que o alienista representou na ficção. Com vários agravantes: sergio moro é um "missionário" seletivo e hipócrita. Um canalha calculista, mal-intencionado, corrupto e despótico.
Simão Bacamarte pode ser tido como um caso de alucinação. Um sujeito que se apegou tanto às suas convicções e se encantou de tal maneira por aquilo que julgava ser uma grande sabedoria, que acabou perdendo a capacidade de enxergar qualquer coisa além. Um cara que, por se julgar tão iluminado e creditar ter visto tanta luz nas suas próprias ideias, acabou ficando cego para a realidade em torno de si. Era tanta luz, mas tanta luz, que acabou engolido por sua obsessão. Alucinou (de "luci").
O bocoió de Curitiba é um caso diferente. Ele não vê luz nenhuma em si. Sabe que é um sujeito apagado que não consegue sequer esconder seu terrível complexo de inferioridade. Daí tanto histrionismo. Tanto exibicionismo. Uma necessidade constante de autoafirmação. Ele sabe que é um impotente. Por isso é tão prepotente.
Diferentemente de Simão Bacamarte, o juizeco jeca é um caso de deslumbramento. Um sujeito apagado que, um belo dia, viu as luzes dos holofotes midiáticos se acenderam sobre ele. Então, a pessoa que vivia no escuro de sua insignificância foi cegada pelas luzes que invadiram o seu vale de sombras. Deslumbrou (de "umbra").