Gilberto Dimenstein tem vergonha de seus leitores, com toda razão

Gilberto Dimenstein

Tenho vergonha de alguns dos meus leitores. Escrevi aqui desabafo contra essa onda demagógica da "indústria da multa". O ataque que recebo: estou defendendo o PT. Duro ouvir tanta mediocridade. Estou defendendo a vida contra a imbecilidade.

O mínimo que posso fazer é repetir meu comentário.

"Será que estou enlouquecendo? 

Há momentos em que, confesso aqui, acho que estou enlouquecendo. Sou pai. Isso significa que um dos meus temores é ter um filho acidentado no trânsito, tantos são os motoristas selvagens que abusam da bebida, correm em excesso, não respeitam pedestres ou ciclistas.

Há milhares de pais que, anualmente, no Brasil, transformam seus receios em
realidade, tantos são os acidentes.

O que vejo em São Paulo, minha cidade, onde a barbárie no trânsito é a regra, são candidatos falando em "indústria da multa", quando, na minha opinião, deveríamos multar mais. Muito mais. Até 
os selvagens aprenderem. Viajem para algum país civilizado e analisem se lá os motoristas têm a liberdade de fazer as loucuras que permitimos aqui. Ao contrário, eles colocam esse assassinos na cadeia. Isso mesmo, quem bebe e corre no carro é um assassino.

Ao falar em indústria da multa e prometerem aumentar os limites de velocidade, candidatos, todos eles pais como eu, até avós, emitem o sinal contrário. O sinal de que o risco é tolerável.

Desconfio que estou enlouquecendo ao ver que, diante dessa insensatez, médicos não protestam e a imensa parte da imprensa fica em silêncio.

Mas eu não vou calar. Prefiro berrar sozinho e apanhar do que ser aplaudido para ter apoio fácil. Não vou carregar na consciência a conivência com um absurdo capaz de produzir tragédias irreparáveis."

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