Comentarista padrão de portais de internet |
Recentemente, fiz uma publicação cuja interpretação é, a meu ver, bastante simples.
Eu afirmei que prefiro me afastar em definitivo de pessoas (sejam "amigos" ou parentes) que façam apologia a indignidades -e mesmo crimes- como o racismo, a xenofobia, o sexismo, a humilhação de classes desfavorecidas, o vilipêndio da soberania nacional, etc. Em nenhum momento eu afirmei não tolerar o contraditório ou a diversidade de opiniões, o que seria uma bobagem.
O texto foi publicado em um grande portal de notícias, que tem tráfego expressivo de internautas. Eu jamais leio comentários de publicações em sites, pois sei que é nos comentários que desfila o show de horrores da idiotização do brasileiro médio. Desta vez, porém, acabei lendo alguns, e constatei o que eu já sabia: a maioria das pessoas mal lê, não entende, não gosta e parte para a ofensa.
"Nazista", "comunista", "dono da verdade", "idiota", "filho de chocadeira" eram os adjetivos que brilhavam nesses primeiros comentários. Isso tudo porque, reitero, afirmei não tolerar quem defenda teses indignas ou criminosas. (Ou haverá alguma dúvida acerca de ser o racismo um crime, a humilhação de pobres uma indignidade, etc.?)
Eu já havia desistido de publicar naquele site, porque é evidente o despreparo dos brasileiros para interpretar textos, e, além disso, para argumentar com alguma racionalidade. Escrever em portais (ou mesmo aqui) é pura perda de tempo, e, mais do que isso, é acelerar a eclosão de milhares de monstros encerrados em mentes de "cidadãos-de-bem". Diante, porém, de solicitação de um dos responsáveis pelo site (pessoa a quem admiro muito), retornei.
Não fiquei pessoalmente incomodado, ao contrário: determinadas ofensas engrandecem a biografia do ofendido. Não sei, porém, se vou voltar a publicar alguma coisa por lá, em função da inutilidade já mencionada.
O fato é que é urgente uma autêntica revolução na educação brasileira, pois o que estamos fazendo já há algumas décadas é criar um enorme exército de idiotas funcionais.