A burrice na presidência

Luis Felipe Miguel

Os presidentes brasileiros com fama de burros sempre foram militares. O primeiro foi Hermes da Fonseca, tido como um sargentão sem luzes, talvez por culpa de um duplo contraste - seu adversário na eleição foi Rui Barbosa, considerado na época "o brasileiro mais inteligente de todos os tempos"; e ele se casou, em meio ao mandato, com Nair de Teffé, uma intelectual e feminista avant la lettre.

Depois tivemos Eurico Gaspar Dutra. Para ele a fama de burro ficou barata. É melhor ter dilapidado as reservas cambiais que o Brasil obteve durante a guerra por burrice do que por entreguismo.

Embora as piadas sejam recicladas de presidente para presidente, tem uma que é exclusiva do Dutra. O presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, teria encontrado seu colega brasileiro e cumprimentado cordialmente: "How do you do, Dutra?" Ao que ele respondeu na mesma hora: "How tru you tru, Truman?"

O terceiro foi João Figueiredo, que a ditadura militar tentou vender como cavalariano honesto e sem papas na língua, mas que ganhou fama como bronco, autor de frases como "prefiro o cheiro de cavalo ao cheiro de povo" ou "quem for contra a abertura [política], eu prendo e arrebento".

Pois agora temos um civil nessa lista. Michel Temer é, de todos os presidentes brasileitos, o mais inepto mentalmente. Seu discurso na ONU mostra isso. Muitas palavras e nenhuma ideia. Só platitudes, frases feitas. O objetivo claramente era apenas pavonear-se por estar ali, abrindo a Assembleia Geral, uma posição que jamais seria sua por direito.

Mais até do que burrice, a falta de qualquer ambição de participar de um debate de ideias mostra a estreiteza de horizontes do usurpador. Temer dirigiu-se ao mundo como se estivesse numa reunião do diretório do PMDB.

Subscribe to receive free email updates: