O caixa dois, o congresso e a antipolítica

Mauro Santayana

Por mais que se tenha que combater o poder econômico na política - e a proibição do financiamento empresarial de campanha vai, teoricamente, nesse sentido - não se pode, moralmente, aceitar que se puna, agora, o Caixa Dois, com base no mesmo argumento mendaz e revisionista que permitiu a condenação retroativa de Dilma Rousseff no caso de "pedaladas" que sempre estiveram incorporadas ao universo administrativo brasileiro, até serem transformadas em crime, justamente para afastar, definitivamente, do poder, a Presidente da República.

Do ponto de vista tático, só o Congresso pode combater - com suas prerrogativas essencialmente legislativas - o avanço, ilegítimo, manipulador e deturpatório, dos procuradores e juízes sobre a seara política - e deve fazê-lo de forma desassombrada, buscando esclarecer a opinião pública sobre o que está ocorrendo com a República.

É preciso que deputados e senadores de todos os partidos saiam da defensiva e retomem a iniciativa. 

A Câmara e o Senado podem estar cheios de defeitos, mas eles têm uma coisa que os jovens janotas do Sr. Janot não têm, e continuarão não tendo, apesar de se dedicarem a campanhas de coleta de assinaturas, que os nacionalistas e os defensores do Estado de Direito também podem promover: o voto

Canalhas eventuais, eleitos, são passíveis de ser trocados a cada novo pleito.

O povo pode ser educado.

Com a plutocracia - em parte cada  vez mais autosuficiente e autoelevada por seus sagrados concursos e seu inflado e armaniano ego à condição de pequenos deuses vingadores - dificilmente ocorre o mesmo.

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